8.3.18

Ser Mulher!




Ser Mulher





És jovem,


Trazes nos olhos


A fúria dos sonhos,


E na alma


O ímpeto da mudança


Sorves a vida sôfrega,


E respiras de fôlego


Como se não existisse amanhã…





Os anos passam…


E dás conta


Que os dias, os meses e os anos


Passaram vertiginosos a voar


Olhas as tuas mãos cheias de nada…


E pensas no que fizeste…


Mas uma voz pequenina,


Com a doçura de mel duma criança,


Chama-te baixinho…


Mãe!...


E os teus olhos iluminam-se


E abres os braços


Como abres a alma


E acolhes na ternura de um abraço…





Os netos virão um dia


E repetirás palavra por palavra


As histórias com que


Sonhaste ao crescer…


E serás porto seguro,


Enseada calma em fim de tarde…





E um dia…


Ao partir…


Sorrirás serena,


Com a doçura de quem cumpriu uma missão.


Porque foste,


Filha!


Mãe!


Avó!





Mas, sobretudo


Porque soubeste


Ser Mulher!





























































































Helena Peixoto

Ser Mulher!

Ser Mulher

És jovem,
Trazes nos olhos
A fúria dos sonhos,
E na alma
O ímpeto da mudança
Sorves a vida sôfrega,
E respiras de fôlego
Como se não existisse amanhã…

Os anos passam…
E dás conta
Que os dias, os meses e os anos
Passaram vertiginosos a voar
Olhas as tuas mãos cheias de nada…
E pensas no que fizeste…
Mas uma voz pequenina,
Com a doçura de mel duma criança,
Chama-te baixinho…
Mãe!...
E os teus olhos iluminam-se
E abres os braços
Como abres a alma
E acolhes na ternura de um abraço…

Os netos virão um dia
E repetirás palavra por palavra
As histórias com que
Sonhaste ao crescer…
E serás porto seguro,
Enseada calma em fim de tarde…

E um dia…
Ao partir…
Sorrirás serena,
Com a doçura de quem cumpriu uma missão.
Porque foste,
Filha!
Mãe!
Avó!

Mas, sobretudo
Porque soubeste
Ser Mulher!

Helena Peixoto

No dia da mulher...




Calçada de Carriche


Luísa
sobe,


sobe
a calçada,


sobe
e não pode


que
vai cansada.


Sobe,
Luísa,


Luísa,
sobe,


sobe
que sobe


sobe
a calçada.





Saiu
de casa


de
madrugada;


regressa
a casa


é
já noite fechada.


Na
mão grosseira,


de
pele queimada,


leva
a lancheira


desengonçada.


Anda,
Luísa,


Luísa,
sobe,


sobe
que sobe,


sobe
a calçada.





Luísa
é nova,


desenxovalhada,


tem
perna gorda,


bem
torneada.


Ferve-lhe
o sangue


de
afogueada;


saltam-lhe
os peitos


na
caminhada.


Anda,
Luísa.


Luísa,
sobe,


sobe
que sobe,


sobe
a calçada.





Passam
magalas,


rapaziada,


palpam-lhe
as coxas,


não
dá por nada.


Anda,
Luísa,


Luísa,
sobe,


sobe
que sobe,


sobe
a calçada.





Chegou
a casa


não
disse nada.


Pegou
na filha,


deu-lhe
a mamada;


bebeu
da sopa


numa
golada;


lavou
a loiça,


varreu
a escada;


deu
jeito à casa


desarranjada;


coseu
a roupa



remendada;


despiu-se
à pressa,


desinteressada;


caiu
na cama


de
uma assentada;


chegou
o homem,


viu-a
deitada;


serviu-se
dela,


não
deu por nada.


Anda,
Luísa.


Luísa,
sobe,


sobe
que sobe,


sobe
a calçada.





Na
manhã débil,


sem
alvorada,


salta
da cama,


desembestada;


puxa
da filha,


dá-lhe
a mamada;


veste-se
à pressa,


desengonçada;


anda,
ciranda,


desaustinada;


range
o soalho


a
cada passada;


salta
para a rua,


corre
açodada,


galga
o passeio,


desce
a calçada,


desce
a calçada,


chega
à oficina


à
hora marcada,


puxa
que puxa,


larga
que larga,


puxa
que puxa,


larga
que larga,


puxa
que puxa,


larga
que larga,


puxa
que puxa,


larga
que larga;


toca
a sineta


na
hora aprazada,


corre
à cantina,


volta
à toada,


puxa
que puxa,


larga
que larga,



puxa que puxa,


larga
que larga,


puxa
que puxa,


larga
que larga.


Regressa
a casa


é
já noite fechada.


Luísa
arqueja


pela
calçada.


Anda,
Luísa,


Luísa,
sobe,


sobe
que sobe,


sobe
a calçada,


sobe
que sobe,


sobe
a calçada,


sobe
que sobe,


sobe
a calçada.


Anda,
Luísa,


Luísa,
sobe,


sobe
que sobe,


sobe
a calçada.





António
Gedeão, in 'Teatro do Mundo'





No dia da mulher...


Calçada de Carriche
Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada.

Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas,
não dá por nada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu da sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada;
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce a calçada,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,

puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga.
Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

António Gedeão, in 'Teatro do Mundo'


6.3.18

Exposição Eco-Código


Está a decorrer, na Biblioteca Escolar Dr.ª Luísa Guedes, de 5 a 9 de março,
a exposição Eco-Código que se insere no
âmbito
do programa Eco- Escolas.




Esta exposição, organizada pela prof.ª Carla Marques em parceria
com a BE, conta ainda com um jogo de observação com direito a prémio.
Participa!




Montagem criada Bloggif

Exposição Eco-Código

Está a decorrer, na Biblioteca Escolar Dr.ª Luísa Guedes, de 5 a 9 de março, a exposição Eco-Código que se insere no âmbito do programa Eco- Escolas.

Esta exposição, organizada pela prof.ª Carla Marques em parceria com a BE, conta ainda com um jogo de observação com direito a prémio. Participa!

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Revista Março 2018







Revista Março 2018



Dia do PI - 14 de março

O número Pi (π) é uma constante matemática que representa a relação entre a circunferência de um círculo e seu diâmetro. É aproximadamente ...